Uma vida afetiva inicia no ventre da mãe.
Afinal para construir uma vida cheia de afeto é
importante compreender que este primeiro contato, é algo muito importante para
a construção da psique humana.
O ego se torna totalmente estruturante aos 21 anos. Ele se
forma em etapas, no ventre, na primeira infância, na segunda infância e na
adolescência.
Quando digo que a vida afetiva é uma bússola das feridas
emocionais, quero dizer exatamente isto. A vida afetiva como uma
norteadora do caminho emocional do ser humano.
Esta área sem dúvida alguma mexe profundamente,
com tudo aquilo que foi marcante no ventre, na infância e adolescência. Me
refiro as feridas propriamente ditas.
Para elucidar melhor, o complexo do abandono por exemplo.
Quando uma pessoa se relaciona com alguém que a faz se
sentir abandonada, seja pelo motivo que for (trabalho, amigos etc.) ela sente a
dor visceral do passado.
Ou seja, o relacionamento atual a remete para uma dor mais
profunda.
E não adianta pensar, não vou fazer mais isto.
Ou ter uma atitude motivacional. Isto não é frescura, mas sim algo antigo que
precisa ser visto, limpo, elaborado e integrado. Caso
contrário a pessoa continuará vivendo um eterno tormento emocional.
Muitas vezes pode se sentir abandonada pela família e
amigos, não só na vida a dois.
Falo sobre a vida a dois, pois nesta área as
emoções ficam extremamente evidentes, favorecendo este processo de percepção e
consequentemente de integração emocional.
Coloquei o exemplo do complexo do abandono, pois ele é muito
frequente.
A mãe desempenha um papel fundamental na formação da psique
humana.
Não quero dizer com isto, que o papel do pai não é
importante. Ele também tem o seu lugar, mas a mãe tem um contato mais próximo
com a criança desde o início de sua formação no ventre.
O bebê ouviu, sentiu e se alimentou do que a
mãe se nutria, em outras palavras o mundo da criança é o mundo da mãe.
Quando a criança nasce, ela passa por um processo de
gestação extrauterina, que tem a duração de mais um ano.
Todo o ambiente emocional daquele lar, influencia na
formação do seu ego.
Os complexos são transgeracionais, ou seja, são
transmitidos de geração para geração.
Para compreender um pouco mais do seu ambiente psíquico, olhe
para a sua família e veja quais são as maiores dificuldades emocionais. Isto te
ajudará a ter um vasto material para se trabalhar internamente.
De acordo com Jung, uma pessoa não nasce como uma tábula
rasa, em minhas palavras, como uma página em branco.
Ela recebe o conteúdo psíquico de sua família.
Por isto não basta querer parar de ter ciúmes, sensação de
rejeição e abandono por exemplo.
Isto não será equacionado, enquanto a pessoa não penetrar
em suas águas profundas.
Tudo isto que citei acima dormita no inconsciente da
pessoa, fazendo com que ela aja no piloto automático, sem a consciência exata
de onde isto vem.
Um parceiro ou parceira mostra o caminho através deles (dor
e desconforto).
Se tornam pontes, pois aquilo que machuca
emocionalmente e afetivamente alguém, muitas vezes não começou agora, mas sim
no passado, no início de tudo.
A ideia neste artigo não é jogar a culpa nos pais, muito
pelo contrário, afinal eles transmitiram aquilo que receberam.
O objetivo na verdade é trazer luz e
consciência para estes blocos de dor, pois uma pessoa só consegue limpar e
integrar, aquilo que percebe e se manifesta claramente em sua vida.
Muitas pessoas passam uma vida fugindo deste enfrentamento,
pois acreditam que é doloroso demais.
No entanto, vivem uma vida dolorosa, com a sensação constante
do medo do abandono, da rejeição, da traição e inseguras.
Viver assim já é uma dor, só que a conta gotas, o que não
remete a solução. A vida se torna extremamente dolorosa a maior parte do tempo.
Então quando uma pessoa escolhe ver o que precisa
ser visto, com a ajuda de um profissional, ela tem a possibilidade de ter uma
libertação emocional, e qualidade de vida, pois ela para de reviver um
sofrimento vivido no passado.
Obviamente olhar para estas questões não é confortável,
afinal limpar um joelho ralado com água e sabão incomoda, no entanto, é o que
resolve.
Por isto o mais seguro é fazer este percurso
com um profissional que saiba sobre este processo, e principalmente que tenha
vivido isto.
Pois ele poderá te auxiliar neste caminho de entrada, no
seu mundo interno, e a saída dele, em segurança.
Não subestime o seu desconforto emocional
afetivo, ele diz muito sobre você e a sua história familiar. Confie no
processo!
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Adriana Mantana
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