A desvalorização gera uma emoção muito desconfortável, e este tumor emocional pode prejudicar e interferir diretamente todas as áreas da vida de uma pessoa. Ela é irmã da autodesvalorização e da autodestruição.
Um tumor emocional ou núcleo de dor, geralmente é formado na primeira infância. Uma criança pode ter se sentido desvalorizada pela mãe, ou por seus responsáveis, pelo nascimento de uma outra criança, por ter sido “deixada de lado” por motivo de trabalho, ter sido entregue à adoção ou outras possibilidades. Existem casos variados, com relação a criação deste cerne de dor emocional.
Na psicologia profunda o chamamos de complexo autômato, pois ele toma a pessoa e os seus comportamentos quando não é reconhecido e integrado. Por isto quando uma pessoa vive uma situação em que este complexo vem à tona, ela rege de maneiras inusitadas e diversas. Pode ser totalmente tomada pela raiva e ter inclusive comportamentos agressivos.
Tentar controlar um complexo não funciona, basta relembrar quando você foi tomada por uma raiva, e uma sensação angustiante de dor, desemparo e desespero. Um complexo emocional não é controlado, ele é reconhecido e despotencializado.
Um dos fundamentos da psicologia analítica é ajudar o paciente, neste percurso de identificação e retirada da potência de seus complexos.
Neste artigo o complexo citado é o da desvalorização (autodesvalorização), que é percebido com muita dor e angústia por quem o tem. Muitas vezes uma pessoa pode ter este complexo ativado e não sabe. Ela só percebe o efeito, através da dor emocional e em alguns casos, explosões de raiva.
O complexo por si só, não é negativo. Ele é importante na estruturação da psique. O problema acontece quando a pessoa ignora a sua existência e não sabe como lidar com ele.
Nos meus atendimentos de consultório, seja presencialmente ou online, existe uma condução do cliente, para este reconhecimento e integração com amor deste complexo.
São as camadas profundas, que normalmente as pessoas não gostam muito de ir, a não ser que a dor emocional seja maior do que o medo, do enfrentamento.
As águas profundas do inconsciente se forem vistas de forma inconsequente, podem se tornar perigosas.
O ideal é buscar ajuda de um profissional para aprofundar em questões dolorosas, mesmo porque quando estamos vivendo o processo na própria pele, temos vários pontos cegos que não conseguimos ultrapassar sozinhos.
A autodesvalorização quando não trabalhada de forma profunda, emerge em momentos inusitados.
A pessoa que possui este complexo, não se sente verdadeiramente valorizada e faz várias coisas, mas muitas vezes não reconhece os seus próprios esforços.
Sempre em busca de um novo título, ou algo para se sentir valorizada, porque este complexo dormita em seu inconsciente.
E a dor pode ser lacerante, a pessoa pode associar esta dor ao abandono, a rejeição e outras dores emocionais. Que também são válidas e precisam ser trabalhadas.
Mas às vezes a pessoa pode ter o complexo da desvalorização ativado e não sabe, pode associar a outras questões e por isto não consegue avançar, com relação a um processo terapêutico ou na própria vida.
Pois quando este complexo vive na pessoa de forma negativada, ela atrai várias situações para a sua vida. Seja um trabalho que não a valoriza, um parceiro ou parceira que a despreza, uma família que não liga para os seus sentimentos, clientes que não reconhecem o seu valor, uma vida financeira escassa e difícil, amigos traiçoeiros e que puxam o seu tapete.
Por isto disse no início do texto, que a desvalorização e a autodesvalorização, impactam diretamente a vida da pessoa em todas as áreas de sua vida.
Muitas vezes a pessoa já tentou vários recursos terapêuticos, cursos, livros e vídeos e nada adiantou. Justamente porque é preciso ir até a causa, nas águas profundas da psique.
Quando a pessoa consegue fazer este movimento, e volta para a superfície de sua consciência, ela volta diferente e isto reverbera em todas as áreas de sua vida.
Em outras palavras, ela passa a ser valorizada, pois ela junto com um terapeuta retirou a potência negativa do complexo e o integrou. E consequentemente sua vida começa a fluir e avançar de forma, leve e natural. Sem aquele peso e dificuldade, quando o complexo da desvalorização, estava potencializado.
Este movimento é crucial para o avanço e para a leveza, não é muito confortável, pois olhar para esta ferida e tratá-la requer coragem e amor. Mas vale a pena, por todos os benefícios que a pessoa terá depois deste reconhecimento e integração.
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Adriana Mantana
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