quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Você é...


 Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a

flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida,
Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou,
aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai,
você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a
infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na
hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro,
a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.


Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o
pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você
é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços
que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você
desnuda.


Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar,
você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o
ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a
indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você
queima.


Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e
da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a
estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você
pleiteia.


Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta,
rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.


(Martha Medeiros)


Abraços fraternos.

Adriana Mantana.

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