quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Uma lição de paciência e persistência...





Por Ômar Souki

“Dê-me a pior região para trabalhar. Aquela que nenhum vendedor quer”, disse Bill Porter ao gerente de vendas. Era um pedido inusitado, mas fazia sentido. Porter tinha acabado de ser rejeitado para a vaga, porque, segundo o gerente, ele jamais poderia ter sucesso, pois era aleijado. Sua boca se contorcia quando falava. O braço direito não se movimentava e, devido a uma deficiência na perna, tinha dificuldades para andar.

Com tantos empecilhos, como poderia ser vendedor? E, pior, estava pedindo para atuar em um subúrbio indesejado por todos os outros vendedores. O gerente reconsiderou a decisão. Já que ninguém queria, não custava oferecer a Porter essa oportunidade. A empresa não teria nada a perder. Esse é o enredo do filme Door to door (Porta em porta), que, baseado em uma história verídica, conta o caso de um vendedor aleijado que consegue vencer a adversidade. Não foi fácil, mas duas palavras o empurravam e faziam com que ele jamais parasse de bater de porta em porta: paciência e persistência.

A primeira pessoa que atendeu Porter pensou que ele trabalhava para uma instituição de caridade. Ela disse que não ia contribuir e bateu a porta em sua cara. As rejeições se sucederam. Uma mulher escutou a apresentação com aparente piedade e o ouviu falar tudo o que sabia sobre seus produtos de limpeza. Porter pensou que tinha fechado a venda, porém a mulher ofereceu dinheiro e disse: “Não vou comprar, mas desejo ajudar você, tome este dinheiro”. O vendedor ficou indignado, pois, apesar de ele andar sempre bem-vestido, as pessoas achavam que estava mendigando.

Depois de caminhar muito – o que era difícil devido à deficiência na perna –, Porter, prestes a desistir, sentou-se em um banco, pegou um sanduíche preparado pela mãe e se emocionou. De um lado, estava escrito com ketchup “paciência” e, do outro, “persistência”. Duas simples palavras que fizeram uma enorme diferença para ele adquirir novo ânimo.

Em vez de desistir, andou mais 16 quilômetros, oferecendo seus produtos aqui e ali, até que finalmente fez sua primeira venda. De fato, a cliente precisou ter incrível paciência, pois Porter não conseguia nem mesmo preencher o pedido. Pediu-lhe que o fizesse e ela colaborou, pois tinha gostado do jeito dele, de sua boa vontade e dedicação.

Assim, começou uma carreira que culminou com o título de melhor vendedor do ano. Ao receber o prêmio, Porter disse que o oferecia a seus pais, já falecidos. Do pai, que era também vendedor, herdou o gosto pela venda, e com a mãe aprendeu a vender. Ela havia incutido nele as duas palavras que o empurraram rumo à vitória: paciência e persistência.

Palavras mágicas
Posso repetir paciência e persistência diversas vezes e nunca será demais, pois esses dois termos resumem o que precisamos para atingir o sucesso não só em vendas, mas em qualquer campo de atuação. Não conheço nenhuma pessoa vitoriosa que não tenha – durante o tempo de vacas magras – pautado suas atitudes e ações pela constância e serenidade de espírito.

Paciência Quando largamos o trapézio da segurança e, como um artista de circo, nos lançamos rumo ao que ainda não veio, precisamos ter fé. Além de confiar, é necessário saber esperar até que o outro trapézio chegue. O vazio e o tempo que permanecemos no vácuo, que separa o conhecido do desconhecido, podem nos levar ao desespero. Entretanto, é preciso esperar confiantemente e se manter em movimento.

Persistência É a qualidade de continuar firme diante do infortúnio e das montanhas de empecilhos que parecem brotar de toda parte. “Mesmo que a adversidade bata à minha porta, a decisão de abri-la é minha”, dizia Beethoven. No fim da vida, mesmo tendo ficado surdo, não se dobrou perante as severas chicotadas do destino. Perseverou e continuou com tenacidade suprema, escrevendo página após página a mais divina música que jorrava sem cessar de seu iluminado coração.

Tanto Porter quanto Beethoven, cada um com sua arte, ensinam-nos que, por pior que sejam os golpes da adversidade, jamais devemos esmorecer. Enfim, quando você estiver para desanimar ou achar que a caminhada é impossível, lembre-se das duas palavras mágicas: paciência e persistência!


Ômar Souki, Ph.D. em comunicação pela Ohio University, é conferencista e autor de 22 livros. Prima por seu interesse, dedicação e foco na melhoria contínua das pessoas e empresas.

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